terça-feira, 7 de junho de 2011

Olheiros: os caçadores de talentos dos gramados

 [Matéria produzida junto com minha amiga Caroline Vasconcelos]

No grande negócio do futebol, aqueles profissionais que observam têm um papel importante na revelação de grandes craques, porém não são conhecidos. Eles são chamados de olheiros ou captadores de jogadores de futebol. Sua função é procurar novos talentos em peneiras, campos de várzea ou escolinhas licenciadas.
Nesse meio há dois tipos de olheiros: aquele que é contratado de um clube e outro, que com projetos sociais, prepara e indica um futuro jogador a diversos clubes. Ambos utilizam os mesmos critérios de avaliação ao perceber o talento de um garoto. O porte físico, habilidade, fundamento, técnica e personalidade são analisados no jovem atleta, que também deve ter entre 7 e 18 anos.
José Ferreira, mais conhecido como Talkinho, é coordenador do projeto social Molecaje em Jaguaré e captador de jogador há 20 anos. Para ele, o garoto precisa ter talento e não apenas o sonho de ser jogador. Talkinho tem no seu currículo de olheiro ser o revelador de Dentinho, atacante do Corinthians.
Em seu projeto, ele recebe todos os garotos que se interessam em bater uma bolinha, dando condições para que eles mostrem seu futebol. Porém tem aquele que ao bater o olho, Talkinho percebe o craque que está escondido. Então, juntamente com uma comissão técnica, ele trabalha esse atleta e o indica ao clube. “O projeto é um treinamento para que um deles chegue a um clube grande. Eu olho, preparo, acompanho o seu desenvolvimento e por fim, o indico, ficando em aberto para qualquer clube”, declara.
 Diferentemente do trabalho de preparação, há o olheiro que observa e leva o garoto a um clube profissional. É o caso de Marino Coelho, contratado do Pão de Açúcar Esporte Clube São Paulo (PAEC) há 6 anos, que viaja por todo  país em busca de um craque, fazendo uma pré-avaliação em peneiras e observando o rendimento do atleta em jogos de várzea. “Chegando ao local faço uma avaliação e através dela uma seleção dos garotos. Levo-os ao clube e no centro de treinamento são novamente avaliados, mas dessa vez pelo treinador da categoria”, explica Coelho.
No trabalho desses profissionais, existe tanto a abordagem direta com os meninos como indiretamente. Coelho relata que numa avaliação agendada se apresenta como olheiro, mas em alguns jogos os garotos não sabem quem ele é.  Contudo independentemente da abordagem, nenhum olheiro entra em contato direto com o menor, primeiramente ele fala com o treinador ou com os pais responsáveis.
Para o olheiro, descobrir o talento de um possível craque é fácil, porém deve existir uma atividade intensa sob alguns garotos, que às vezes não estão preparados psicologicamente. “Muitos jogadores, quando entram num clube, sentem dificuldades
José Ferreira, o Talkinho, além de levar o jogador Dentinho ao Corinthians, fez uma recente contratação com o Fluminense de um atleta juvenil.
Também mantém contatos com outros clubes, como Santos, Portuguesa, Santo André.
Marino Coelho em sua carreira de olheiro tanto como autônomo como contratado do PAEC, já fez 12 indicações de jovens jogadores, sendo 6 para seu clube atual e outras para times como Palmeiras, Atlético Mineiro, Portuguesa Santista e Olé Brasil.
na adaptação e desistem”, afirma Talkinho. Deve-se passar a realidade desse meio ao garoto, além de lidar diretamente com a ansiedade da família.
Na contratação de um jovem jogador com um clube, o olheiro autônomo recebe também um percentual sob a negociação. Já o olheiro contrato, que tem a função de levar um garoto ao seu clube, é pago com um salário mensal.
Todas as atividades exercidas por esse profissional, no preparo, avaliação e indicação, são baseadas na função de intermediação de um futuro jogador com clube, porém em alguns casos seu trabalho não é reconhecido até mesmo pelos próprios atletas. “Por diversas situações, não sou reconhecido como incentivador e de certa forma ignoram o trabalho que tive com eles”, conclui Talkinho

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